sexta-feira, 17 de junho de 2011

Jenny Holzer

Nascida em 1950 em Galliopolis no Ohio, Jenny Holzer é provavelmente uma das artistas que mais marcantemente interveio no espaço público e urbano nas últimas décadas. Artista Plástica conceptual, originalmente abstraccionista, desde cedo introduziu a linguagem no seu trabalho plástico. Em 1977 mudou-se para Nova Iorque, onde começou a desenvolver o seu 1º trabalho exclusivamente em forma de texto, uma série denominada Truisms. Jenny publicou esta série de aforismos de sua autoria a partir de 1979 em posters ou flyers, distribuídos anonimamente pelas ruas ou afixados em cabines telefónicas.No início Jenny apresentava o seu trabalho desta forma, em cartazes colados em locais públicos, frases impressas em t-shirts, anúncios colocados anonimamente nas ruas de Nova Iorque. Mais tarde passou a utilizar placas informativas, letreiros luminosos, sinais, outdoors, quadros electrónicos LED de informação em locais de grande visibilidade e a realizar também instalações com projecções luminosas gigantescas sobre edifícios e paisagens urbanas. É o caso de “Living – Some days you wake up and immediately…” em que o observador pensa que vai encontrar apenas uma mera placa informativa e no entanto depara-se com um texto intrigante que o remete ao seu próprio mundo interior.
Nos seus aforismos e textos Jenny foca temas como o sexo, a morte, o poder, a guerra, o amor ou a individualidade, levantando questões emocionais e existenciais, as suas letras e textos ganham vida quando contemplados pelo observador, uma espécie de voz soberana, imbuída de forte carga poética e que se transforma numa intrusão violenta do espaço íntimo e secreto de cada individuo, causando até um certo desconforto, pois a questão é levantada num espaço público, quotidiano, cheio de impessoalidade e de rotinas. As suas mensagens forçam os observadores a parar, a olhar para dentro, num claro convite à reflexão usando o pensamento aliado às palavras.

Em “Living- Some days you wake up and immediately" facilmente nos identificamos com as afirmações desta mensagem, que nos lança para o porquê da questão por elas levantada, o porquê de maus pressentimentos quando tudo parece estar bem. Neste texto Jenny “coloca o dedo na ferida”, não deixa o observador indiferente à sua mensagem, leva-o a parar e a pensar no que acabou de ler. Essa voz soberana vinda da sua mensagem questiona-nos acerca das nossas ansiedades e inseguranças quotidianas que parecem afectar o estado emocional de cada individuo, deixando no ar a questão de forma intrigante, não com uma pergunta, mas com uma afirmação inegável, numa atitude inequivocamente manipuladora, de controle do público, quer esteja num museu ou numa simples esquina de rua.


Na aula falou-se sobre o facto do texto estar escrito de uma forma impessoal, facto sempre presente nas obras da artista, pois ela dirige-se ao público em geral e ninguém em particular usando textos e frases de carácter generalista. Fez-se a observação de se tratar de uma placa informativa, outra característica da artista, a utilização de meios incomuns para partilhar mensagens de cariz tão pessoal. A forma como o texto estava disposto na placa, alinhado ao meio, que reflecte o cuidado da artista em relação à sua atenção quanto à aparência do texto, o seu tamanho, lugar espacial e temporário. Tirou-se ainda a conclusão que o texto não abordava nada racional, mas sim, vivências humanas, algo interno e muito pessoal, que força o observador a pensar sobre o assunto.

Conceição Lourenço

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