terça-feira, 21 de junho de 2011

Edward Kienholz

Edward Kienholz, para muito o pai das instalações, para outros, o homem que produziu obras provocativas, nasceu no estado de Washington em 1927. Cresceu num ambiente rural, na sua juventude aprendeu carpintaria e mecânica. Seguiu-se depois uma vida itinerante, estudou em vários colégios, viajou, teve vários trabalhos entre 1945 e 1953, todos eles em áreas muito diferentes. Em 1953 estabeleceu-se em Los Angeles onde acabou por se envolver com as artes, apesar de nunca ter tido uma formação artística formal, abrindo uma sucessão de galerias enquanto embarcava numa carreira artística.
Os seus primeiros trabalhos consistiam em painéis de madeiras pintados, em que já se conseguia sentir a ironia característica no seu trabalho posterior. Utilizou os seus conhecimentos de carpintaria e mecânica na produção de pinturas, em colagens e relevos feitos com materiais recolhidos nas ruas da cidade.

Nos finais da década de 50, quebrou as fronteiras do trabalho bidimensional e começou a criar construções tridimensionais, através da Assemblagem e da combinação de objectos quotidianos. Criou objectos suspensos e enormes figuras geométricas. Durante a década de 60 as suas construções expandiram-se até ao tamanho real. Nos anos 70, as suas instalações tornaram-se mais elaboradas e sofisticadas. Nestes “Tableaux” Kienholtz combina elementos como a fantasia, a ironia, o sarcasmo e a realidade, em que o resultado foi sempre um criticismo moralista à sociedade americana e o seu estilo de vida, colocando as suas personagens num ambiente específico, uma versão intensificadora do mundo social. O artista explora a angústia, a solidão e a crueldade como podemos observar em Sollie 17, mas também temas como as doenças mentais, aborto ou o comércio sexual. As suas montagens foram por vezes consideradas como vulgares, pornográficas, brutais e horríveis, até mesmo repulsivas, confrontado o observador com perguntas sobre a existência humana e a desumanidade da sociedade moderna.


Em Sollie 17, o artista coloca 3 personagens idênticas de um mesmo homem num mesmo quarto, retratando momentos diferentes do seu dia a dia. Vestido apenas com uns calções, este velho homem é visto deitado na cama a ler um livro, depois é visto sentado na mesma cama, com ar talvez pensativo, até mesmo deprimido. Finalmente o homem é visto de pé, protagonizando uma tarefa diária em frente a uma janela que nos mostra um espaço urbano de uma cidade fria e cinzenta. Dentro do quarto estão vários objectos quotidianos, antigos ou usados, amontoados, espelhando a desorganização de uma vida sem grandes perspectivas. Neste trabalho, Kienholtz e sua esposa Nancy, abordam o tema da solidão que aprisiona os idosos na actual sociedade. O tema, retratado com realismo, revela a preocupação dos artistas com esta questão de índole social, pretendendo talvez de uma forma um pouco sórdida levar o observador a reflectir sobre o que está a ver, chamando a atenção para este problema social e decadente, usando a obra como uma forte critica aos comportamentos sociais e desumanos de uma sociedade que se diz evoluída. O seu personagem veste apenas roupa interior, pois não espera ninguém, vive confinado no seu espaço e a ele se resume, como se de uma prisão se tratasse. O ambiente austero em que está envolvido, revela o egoísmo de uma sociedade para com “quem já está fora de prazo”. O seu corpo condiz com o ambiente envolvente, é o espaço para a vida do corpo, por outro lado sua cabeça, cinzenta, encontra-se aprisionada por uma moldura, tal como a janela, a cidade, o mundo lá fora, numa clara ligação de que o seu corpo está ali presente naquele espaço, mas sua mente, ausente, vagueia livre pelo mundo lá fora, para lá da vida naquele quarto.
Na aula foram comentados vários aspectos importantes sobre a obra, o ambiente, a personagem representar a mesma pessoa retratando o seu dia a dia, a sua limitação no espaço, o seu lado miserabilista, o realismo da obra, o aspecto do personagem. Teria sido interessante abordar mais a questão e a relação entre a tridimensionalidade do corpo e a bi-dimensionalidade da parte superior do personagem.

Conceição Lourenço

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